Foto: Marcelo Bertani (Agência ALRS - 9/04/2018)
Entidades criticaram o projeto em Caçapava do Sul durante a audiência segunda, na Assembleia
A Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa realizou audiência pública, na segunda-feira, para debater o projeto de mineração em Minas do Camaquã, em Caçapava do Sul. Com participação de lideranças comunitárias, representantes políticos e ecologistas, o evento durou mais de três horas. O empreendimento ainda não recebeu o aval para funcionar da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
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O prefeito de Santana da Boa Vista, Ito Freitas (PT), afirmou que entende as posições contrárias à mineração, mas defende que o tema seja tratado com serenidade.
- Não é a salvação da lavoura nem o fim do mundo. Mas pode ser uma porta para a geração de empregos - acredita.
Com 8,4 mil habitantes, o município tem um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado.
- Nos últimos quatro anos, teve taxa de emprego negativo. Em 2017, o índice foi 4% negativos - afirmou Freitas, revelando que em uma audiência pública realizada no município, no ano passado, a ampla maioria da população local se manifestou favorável ao projeto de mineração.
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Na mesma linha, o prefeito de Caçapava do Sul, Giovani Amestoy (PDT), disse que é favorável à mineração, pois a região é pobre e precisa gerar empregos. Em duas audiências públicas realizadas no município, a população, conforme ele, se manifestou a favor do empreendimento.
- Há empresas de mineração que atuam há décadas na cidade sem criar qualquer problema para a população - argumentou.
RISCOS
Ativistas e membros das comunidades atingidas temem as consequências da atividade, que classificam de predadora. A representante da Unidade Pela Preservação do Camaquã, Márcia Collares, afirmou que a comunidade ainda têm "as cicatrizes da mineração no rio", realizada pela CBC nos anos 1980:
- Há pouco tempo, ainda sofríamos os resultados ambientais da atividade. Sabemos muito bem o que ela representa para as comunidades pobres e o meio ambiente. Não queremos ver o Rio Grande do Sul transformado num canteiro de mineração.
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No encontro, o deputado Zé Nunes (PT) afirmou que a preocupação da população é grande e ela tem razão de ser.
- Temos informações sobre a insuficiência dos estudos de impacto ambiental e também do fato de que as comunidades não estão sendo ouvidas nem pelas autoridades nem pelas empresas - disse Nunes, que foi o proponente do debate na Assembleia e criticou a ausência de representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Fepam na audiência.
Durante o encontro, pessoas contrárias ao projeto levaram cartazes de protesto. Havia representantes de associação de agricultores de São José do Norte, onde outra mineradora pretende se instalar. O projeto existe há mais de 20 anos. Em 2017, o Ibama liberou a atividade.
Em Caçapava do Sul, o projeto da Nexa Resources (antiga Votorantim Metais) prevê a retomada da exploração de chumbo, zinco, cobre e prata em Minas do Camaquã. O investimento deve ultrapassar R$ 320 milhões e gerar 450 empregos.
*Com informações da Gazeta de Caçapava e da Assembleia Legislativa